sábado, 27 de março de 2010

Alfabetização: com ou sem receita?

Receita de alfabetização

Ingredientes:
1 criança de 6 anos
1 uniforme escolar
1 sala de aula decorada
1 cartilha

Preparo:

Pegue a criança de 6 anos, limpe bem, lave e enxágüe com cuidado. Enfie a criança dentro do uniforme e coloque-a sentadinha na sala de aula (decorada com motivos infantis). Nas oito primeiras semanas, sirva como alimentação exercícios de prontidão. Na nona semana ponha a cartilha nas mãos da criança.
Atenção: tome cuidado para que ela não se contamine com o contato de livros, jornais, revistas e outros materiais impressos.
Abra bem a boca da criança e faça com que engula as vogais. Depois de digeridas as vogais, mande-a mastigar uma a uma as palavras da cartilha. Cada palavra deve ser mastigada no mínimo sessenta vezes. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos.
Mantenha a criança em banho-maria durante quatro meses, fazendo exercícios de cópia. Em seguida, faça com que a criança engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar.
Ao fim do oitavo mês, espete a criança com um palito, ou melhor, aplique uma prova de leitura e verifique se ela devolve pelo menos 70% das palavras e frases engolidas.
Se isso acontecer: Considere a criança alfabetizada. Enrole-a num bonito papel de presente e despache-a para a série seguinte.
Se isso não acontecer: Se a criança não devolver o que lhe foi dado para engolir, recomece a receita desde o início, isto é, volte aos exercícios de prontidão. Repita a receita quantas vezes for necessário. Se não der resultado, ao fim de três anos enrole a criança em um papel pardo coloque um rótulo: “aluno renitente”

Alfabetização sem receita

Pegue uma criança de seis anos ou mais, no estado em que estiver, suja ou limpa, e coloque-a numa sala de aula onde existam muitas coisas escritas para olhar, manusear e examinar.
Sirva jornais velhos, revistas, embalagens, anúncios publicitários, latas de óleo vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercado, enfim tudo o que estiver entulhando os armários de sua casa ou escola e que tenha coisas escritas.
Convide a criança para brincar e ler, adivinhando o que está escrito. Você vai descobrir que ela sabe muita coisa!
Converse com a criança, troque idéias sobre quem são vocês e as coisas de que gostam ou não. Depois escreva no quadro algumas coisas que foram ditas e leia para ela.
Peça à criança que olhe as coisas escritas que existem por aí, nas ruas, nas lojas, na televisão. Escreva algumas dessas coisas no quadro.
Deixe a criança cortar letras, palavras e frases dos jornais velhos. Não esqueça de pedir para que ela limpe a sala depois, explicando que assim a escola fica limpa.
Todos os dias leia em voz alta alguma coisa interessante: historinhas, poesia, notícia de jornal, anedota, letra de música, adivinhação, convite, mostre numa nota fiscal algo que você comprou, procure um nome na lista telefônica. Mostre também algumas coisas escritas que talvez a criança não conheça: dicionário, telegrama, carta, livro de receitas.
Desafie a criança a pensar sobre a escrita e pense você também. Quando a criança estiver tentando escrever, deixe-a perguntar ou ajudar o colega. Aceite a escrita da criança. Não se apavore se a criança estiver “comendo” letras. Até hoje, não houve caso de “indigestão alfabética”.
Invente sua própria cartilha, selecione palavras e textos interessantes e que tenham que ver com a realidade da criança. Use a capacidade de observação, sua experiência e sua imaginação para ensinar a ler. Leia e estude sempre e muito.

(Adaptado de: CARVALHO, Marilene. Alfabetização sem receita e receita sem alfabetização. Centro de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação, Ano IV, jan/fev.1994)

Visita a Estação Ciências dia 20.03.2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

Um olhar sobre a problemática da qualidade na educação

Acredito que a questão de um ensino de qualidade deve ser discutida em conjunto entre família e escola, para que juntos possam pensar soluções para serem apresentadas aos nossos representantes.
Porém, bem sabemos, que infelizmente o diálogo entre família e escola não é muito frutífero, partindo do pressuposto que algumas famílias tem a escola como um depósito de crianças, onde a qualidade não é levada em consideração.
A família nos moldes atuais, vem se esquecendo de suas obrigações. Muitos valores foram esquecidos e criou-se a cultura de que o professor tem que "educar" sozinho as crianças. Cada vez mais as famílias vem se afastando de seu papel primordial.
A escola, vista aqui por meio da figura do professor, por sua vez se vê de mãos atadas, pois tem o árduo papel de educar, socializar, imputar valores e moral e tudo isso em meio a um ambiente contraditório. Lembrando que este seria o papel ideal exercido pelo professor, mas sabemos que não reflete a realidade. Os professores estão cada vez mais desmotivados, sendo ridicularizados pela mídia e castrados de sua autoridade. Vendo-se obrigados a ceder frente a planejamentos prontos e ineficientes, privados de sua autonomia.
Ao Estado resta veicular suas propagandas eleitoreiras que não refletem a realidade, mostrando escolas bem estruturadas, ambientes ideais de aprendizagem, materiais de primeira linha, professores altamente preparados e resultados de avaliações que demonstram como a educação básica pública é boa. É claro que após tanto esforço em mascarar a realidade, não sobra tempo de pensar em políticas públicas eficazes, que atendam a necessidade de uma educação de qualidade garantida a todos. Afinal, sabemos que o Estado não tem muito interesse em criar cidadãos críticos e reflexivos, não é mesmo?

Miriã Pissamiglio Marques

quinta-feira, 11 de março de 2010

Mamãe escriba

Atividade realizada com minha filha Marcela de 5 anos baseada no livro A Menina e o Dragão de Eva Furnari.

Era uma vez uma menina sentada, daí ela ouviu o dragão que tremia até o chão. Ela foi espantar o dragão para ele sair do lugar onde ela estava. Só que ele pegou os paus e fez uma jaula para ela ficar presa, sem comer e beber. O dragão foi embora.
A menina ficou presa até que um menino veio ajudá-la. Ele era triste, estava sem comer e vivia nas montanhas. Ele falou:
Menina por que você está presa? Você deveria estar livre. Eu sei quem fez isso com você, foi o dragão, ele já fez isso comigo. O dragão comeu as madeiras e quase me engoliu junto.
O menino tirou as madeiras para ela sair de lá. Ele fez uma fogueira e depois desmanchou toda a jaula.
Daí eles viveram felizes para sempre.

Autora: Marcela Pissamiglio Marques

Direito à Infância e Educação

No decorrer da história nos deparamos com várias concepções de infância, na Idade Média a criança era vista como um adulto em miniatura, até o século XVII não se dava muita atenção as crianças devido ao alto índice de mortalidade infantil. A partir do século XVIII com as reformas religiosas a infância passa a ser vista com outros olhos e passa a se dar importância a educação, a higiene e a saúde. Tais variações ocorreram devido a questões sociais, culturais e econômicas.
Neste contexto nos deparamos hoje com uma infância sem limites, extremamente consumista, com crianças privadas do brincar, da ingenuidade, que vivenciam a violência cada vez mais se cedo, até dentro de suas próprias casas e mais suscetíveis a doenças, antes consideradas de adultos.

Para garantir a crianças e adolescentes os direitos antes citados pela Constituição Federal de 1988 ("dever da família, da sociedade e do Estado assegurar, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária"), criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990.
O Estatuto criou mecanismos de proteção nas áreas de educação, saúde, trabalho e assistência social. Ficou estabelecido o fim da aplicação de punições para adolescentes, tratados com medidas de proteção em caso de desvio de conduta e com medidas socioeducativas em caso de cometimento de atos infracionais.
O ECA transformou crianças e adolescentes em sujeitos de direitos situados historicamente e que precisam ter as suas necessidades físicas, cognitivas, psicológicas, emocionais e sociais supridas, caracterizando um atendimento integral e integrado da criança.
Hoje, após 20 anos da criação do ECA, infelizmente podemos dizer que sua aplicação não é eficaz, faltam políticas públicas adequadas, principalmente no que se refere a medidas socioeducativas e estrutura nos Conselhos Tutelares.
Tal situação me faz recordar do filme Pixote – A lei do mais fraco, do diretor Hector Babenco. Mesmo tendo sido lançado em 1981 seu enredo é mais atual do que nunca, o filme conta a trajetória de um garoto de 11 anos que é abandonado por seus pais e passa a viver na rua. Ele passa por diversos reformatórios e por fim se torna um traficante de drogas, cafetão e assassino. Deixo uma pergunta no ar: Mesmo com tantos dispositivos legais de proteção à criança, quantos pixotes não estarão em formação hoje em nossa sociedade?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Qualquer semelhança não é mera coincidência!



Vídeo exibido na aula de Direito à Infância e Educação dia 01.03 - Profº Thiago Lauriti